segunda-feira, julho 02, 2007

Domingo.

12:20 pm.
36. 37. 38. 39. 40. 41. 41,5.
Não dá mais mãe. A gente vai pro hospital. É muita febre. Não importa se você quer ou não.
Ela vomita. Ela tá tremendo muito. Não falava coisa com coisa. Trânsito. Meu pai nervoso. Pouca grana. Eu com medo. Ela tem sede e não tem fome. Uma médica bacana. O enfermeiro é brincalhão.
Minha mãe começa a chorar. Primeira dose de remédio na veia. A febre cede. Cede pouco. Ela reclama de dor na barriga. Muita dor. Ela chora mais. Começa a tomar soro. Ligo pra casa ninguém atende. Minha irmã some. Meu pai tá tranquilo. A febre para de ceder. Outra dose de remédio. Ela dorme. Ela acorda. Outra dose de remédio. A febre cede. Finalmente.
Mas não vai dar. Vamos ter que levá-la para outro hospital. Meu medo aumenta.
17:50 pm.
Pedem transferência. Minha mãe dorme. Eu com fome. Meu pai preocupado. Eu começo a ler o Estadão. Termino de ler o Estadão.
20:57 pm.
Aprovam a transferência. Minha mãe tá sem febre mas ainda tem dor. Muita dor. Fico preocupado. Com medo.
21:10 pm.
A ambulância chega. Uma enfermeira atenciosa. Um motorista idiota que não fala. No caminho eu estranho a paisagem. Pra onde estamos indo? Fico puto. Muito puto. Olho para ele de um jeito que eu sei, ele vai ter medo. Acerto. E ele tem medo. Parece que muito medo. Pela primeira vez fala comigo. Não me olha nos olhos. Ele gageja. Pede desculpas por ter errado o caminho. Foi sem querer, ele diz. Não respondo.
22:00 pm.
Chegamos no hospital. Minha mãe volta a ter febre. 41,5. Meu medo aumenta. Meu pai já está lá. Chegou antes da ambulância. A papelada já está pronta. Ela vai ser internada mesmo. Não vai sari do hospital tão cedo. A médica avalia. Parece ser pulmão. Fruto de anos de cigarro. Não se sabe o que minha mãe tem. Não se sabe quando vai melhorar.
Mas de uma coisa eu sei. Eu to com medo.
Muito medo. Como nunca senti em toda minha vida.
23:50 pm.
Voltamos pra casa. Ela fica. Então eu choro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Espero que o "violento" do perfil não seja verdade...

Poxa, melhoras pra sua mãe. :) Torço pra que não seja nada demais.

Bjos ;*

Aline Oracic disse...

Eu sou péssima em dar conselhos, até porque nunca me deram algum que prestasse.

Eu choro com você. Choro porque o desespero , o medo, transborda nas suas palavras. Eu estou com você, porque suas frases me prenderam as tuas emoções. E agora eu quero fazer parte do que você vive, dos seus sentimentos. Estou ligada a você de uma forma peculiar. Somos ligados pela mesma dor. A minha antiga e remoida, a sua nova (e, temporaria) a nossa.