terça-feira, março 24, 2009

O que o escravo fez pouco antes de ser alforriado

Sábado.
As coisas já estavam certas. O futuro já estava decretado. Então decidi beber um pouco.
Começamos por volta das quatro. Um pouco de cerveja, conhaque, e uísque. Algumas mulheres começam a falar sobre transar com mais de uma pessoa por vez. Me excito. Contino bebendo, e falando sobre um filme, "O cheiro do Ralo".
Meus amigos, gritam um pouco, o dono do bar aparece e nos manda calar. Ok. Normal.
Como era de se esperar, o bar fecha, mas ainda queremos beber. Vamos para outro.
Mais do mesmo.
- Vamos ali - eu digo para uma das garotas e aponto a rua - Eu quero te mostrar uma coisa.
- O que? - ela responde.
- Vamos que eu te mostro. Você vai gostar.
Ela vai contrariada. O alcool me ajuda a convencê-la. Na calçada eu começo a beijá-la e a me esfregar nela. A coisa esquenta. Não tenho dinheiro para um motel. E ela não vai dar na rua. Foda.
Ela entra de volta para o bar dizendo que eu sou o capeta. Ganhei a noite.
O outro bar fecha. Nos separamos.
Eu e um camarada vamos para outro bar. A minha noite ainda não terminou. Esse camarada do interior não pode vir pra cá sem experimentar um coma alcoolico.
Paramos em um bar perto da minha casa, e começamos a conversar com algumas mulheres que nunca vi na vida. De repente eu estou passando a mão na buceta de uma delas. Uma que usava saia. Vi que ela ficou molhada. Tento convence-la a dar pra mim, mas essa ainda precisava de mais álcool. E minha grana tinha acabado...
No fim da noite, o dia chega, como sempre. Meu amigo recebe sua merecida dose de glicose na veia. E vem a tão sonhada carta de alforria...

domingo, março 22, 2009

Alforria

Os ingleses podem tirar nossas vidas, mas nunca nossa liberdade!!! - William Wallace.
Pois bem. Por um tempo corri, por outro perdi.
Então o tempo passou e agora estou livre novamente.
Livre para ser, fazer, e experimentar cada canto imundo dessa vida sacana.
Esse domingo recebi a carta de alforria, e me sinto como o cachorro preso, que sai de casa e se depara com milhares de cadelas no cio.
Ah... a vida promete ser boa!

quarta-feira, março 18, 2009

Um detalhe

Todos já nos sentimos assim.
O ar falta. Respirar é difícil. A sensação é de que o mundo deixou de rodar para apenas pular de lá para cá, sem se preocupar com quem irá cair no processo.
E foda-se eu.
Um dia talvez a gasolina no tanque do meu carro valha mais do que a paisagem a minha volta. Quem sabe um dia, todas as manhãs nasçam indispostas.
Eu quero continuar... eu quero prosseguir. Quero mais que um verbo. Quer o ato.
Suor, sangue, e uma dose de prozac.
Uma questão para ser formulada, traz consigo uma resposta que se perde sem ao menos nascer.
Eu serei aquilo que posso ser.
No meio de políticagem, interesses, desvarios, injustiça... pedidos que somente se vão, e momentos onde tudo se torna negação...
Sou um detalhe escondido no canto. Dormindo sem sono...
Minha cidade tem luzes que desaprenderam a brilhar, mas eu continuo aqui.
E o vento só me abraça quando estou correndo.
Estou aqui, enfrentando com essa cara que Deus me deu todo o peso que a vida traz.
Um governo corrupto, transporte desumano,
sub-emprego, desespero e frustração
sentimentos bordados em pano
alegrias ou mentiras vividas com paixão...

Sou um detalhe. Somente um detalhe...
Aquilo que eu posso ser.