terça-feira, agosto 17, 2010

in hiding

eu confesso que já não sei direito sobre o que escrever.
tanta coisa me afeta, tão pouco me desperta o interesse. não me importo com a moça que será apedrejada, com a mulher que os cachorros roeram os ossos, com o rabo do soldado que explodiram, com o avião que caiu, com dilma subindo, serra caindo, marina mal parando em pé.
não me interesso por quase nada a ponto de despreender meu tempo para pensar a sério sobre o fato. o niilismo me pegou sem querer na esquina. minha vida regada a feijão e arroz, com lentilha aos domingos me parece mais atraente.
não sei ao certo o que acontece.
de repente parece tão patético escrever sobre tudo isso. de repente parece tão sem sentido.
estou pensando "em voz alta" mas tvz eu deva excluir este blog.
minhas convicções hoje se aferem sobre a lógica ser um outro nome para a moral. ambas são no íntimo a mesma coisa.
tenho minha dissertação de mestrado construída, e de acordo com o coordenador da universidade federal de são paulo, uma boa dissertação (embora feita na graduação).
preciso reconstruir interesses.
...
acho que é isso

sexta-feira, julho 23, 2010

José

José Pereira de Lima.
José era um homem com seu cigarro de palha, sem terno de vidro nem lavra de ouro. Um homem de chinelo de dedos azul surrado. Cabelo despenteado e farto. Sorriso torto. Eu via bondade naquele homem. Muita bondade. Posso estar errado, mas eu via. Ele era a alegria da criançada. Distribuía beliscões e tapas por onde passava, mas estava sempre rodeado delas. Zeca, o chamavam. Como um moleque. Um moleque com seus cinqüenta e tantos anos.
Zeca, o Bukowski brasileiro. O homem que fumava muito. Quando jovem bebia muito. Forte como um touro. Vagabundo. Um tanto amargo. Outro tanto cínico. Ria-se da idiotice burguesa, sem nem ao menos saber o que era um burguês. Havia estudado até a terceira série. Torrou a herança da sua mãe comprando uma carreta. Tomou um porre do caralho e na primeira viagem rebentou o caminhão numa vaca no meio da estrada. A vaca morreu mugindo, o caminhão se espatifou e José seguiu andando pela vida um ano antes de voltar pra casa, com um saco de pão debaixo dos braços, beijar sua mulher, e ir dormir.
A sua maneira, viveu e conquistou aquilo que somente um homem realmente bom pode conquistar. Amigos. Família. Eu mataria e morreria por ele. Minha mãe idem. Assim como minha irmã e meu pai. Assim como um punhado de gente mais. Primos, vizinhos, irmãos. Zeca conseguiu ter o carinho e o amor de muita gente sorrindo, provocando, brincando, abraçando, fugindo do trabalho, chorando, caminhando, suando e fedendo com todas elas em volta.
Dia vinte e dois de julho, meu pai me ligou as onze e tantas da noite. Meu avô, José e seu cigarro de palha haviam falecido. Eu chorei do lado de cá. Ele chorou do lado de lá. Eu no Rio Grande do Sul, ele em São Paulo, meu avô no Paraná. No dia seguinte minha irmã me liga, perguntando quando eu vou poder ir vê-los. Ela chora. Assusta-se quando fico mudo. Pensa ter acabado os poucos créditos do cartão de orelhão. Ela não terá grana para comprar outro.
Estamos longe um do outro. Eu da minha irmã, dos meus pais, de minha filha. Nós todos de meu avô, agora ainda mais. Queria muito o abraço deles. Queria o abraço de alguém que ama esse velho safado que foi meu avô.
Por sorte tenho a mulher que tenho. E ela tem a família que tem. E eu gostaria que eles tivessem na memória a lembrança desse homem que foi meu avô. O homem que tanto me ensinou sobre tudo.

terça-feira, julho 13, 2010

entre o bem e o mal, tentando o além...

escapei de uma vida vazia, e procuro a cada instante não voltar mais para ela.
o marcão ta certo. to mais marxista mesmo. luta de classes, fetichismo, dialética materialista, essas bobeiras todas tem lá sua parte de verdade (?).
mas ainda vejo tudo a minha maneira (pois não há como ver de outra). vejo a calsse dominante como sendo a mais fraca do ponto de vista nietzscheano. vejo o mundo como uma construção de proposições, sem valor ético ou moral imanente. nas palavras do bigodudo, apenas um exército móvel de metáforas e metonímias, constrói o mundo fenomenológico.
e neste mundo vazio de significados verdadeiros, dou margem para criar os meus significados falsos, que só fazem sentido para mim. Construo as bases para minhas verdades afirmando o oposto. Afirmando que não há verdades. E quando todos estão errados, todos estão certos. O valor da proposição permance, mudam apenas os signos.
Gosto de pensar nisso. Em saber que estou certo, por estar errado e não me importar. Não por ser pós-moderno, proclamar o fim da razão. To pouco me fudendo para isso.
Mas quero uma vida a minha maneira, e estou construindo aquilo que preciso para isso. Porque uns dois anos atrás o Cruj disse que eu me levava a sério demais, e ele acertou. Tanto que desde aquele dia, aparentemente bobo, vim demolindo alicerces, verdades, valores, e criando outros.
Sai mestrado, entra casório. Sai ateísmo, entra uma crença crítica em Deus. Sai minha postura neutra, entra um certo marxismo.
Novos pensadores entram na lista. Deleuze, Foucault, Spinoza.
E por fim, Wittgenstein nem me parece tão atrativo assim, nos últimos meses...

quinta-feira, julho 01, 2010

filosofia pra que te quero?

não vou falar sobre minha ausência. falarei sobre seus impactos acerca deste.
não consigo olhar o mundo e não encontrar a luta de classes marxista. não dá.
pra onde olho vejo burgueses rindo com seus charutos, e a plebe se fodendo com hemorróidas no cú.
sonhos são coqueluxe. artigos de luxo. e mesmo eles estão confinados.
qual o seu sonho magnata? com o que vc anda sonhando nos últimos tempos?
carro importado? casa na praia? senso comum demais? vc se acha alternativo demais para se render aos caprichos mundanos?
tvz tenha pensado em escrever um bom livro. bons poemas. uma tese bem aceita. passar no mestrado. conseguir a bolsa para estudar.
não criamos mais sonhos. os importamos. os pegamos emprestados, via uma espécie de lógica imanente. nascemos com sonhos pré-programados, basta escolher quais estão a disposição.
não falarei sobre essas porras todas. espero um mínimo de bom senso de quem está a fim de manter contato comigo ou com o que eu escrevo. meu texto termina se vc conseguir alcançar seu intento sozinho, sem minha condução.
guia de cú é rola. adoro esta metáfora.
e se não conseguir sozinho tbm, nada muda. os negros continuam sofrendo com neo-nazistas, os gays sendo perseguidos por homofóbicos, os aleijados brigando por rampas de acesso. e a fome vai sendo do jeito que sempre foi.
enquanto eu não conseguir criar meu próprio sonho acerca da filosofia, paro. seis dos meus méritos, onde cheguei e onde posso ir.

segunda-feira, março 15, 2010

tempo

estou no rio grande do sul há quase um ano já.
agora começo a me estabilizar. agora começo a fazer mais do que somente me segurar para não cair.
ecos de um bebado e o equilibrista...
em breve eu apareço ai.
peço q desculpem a ausência. se é q foi notada.
recomeçar a vida do zero, longe de todos os q conhece é um pouco difícil.
tive ajuda e apoio e ainda tenho. e isso faz toda diferença.
e por enquanto é só.
ah!
a bílis voltou a ferver...

sexta-feira, dezembro 04, 2009

lá e de volta outra vez

uns bons tempos passaram desde minhas últimas notícias.
a maioria ja deve saber, estou morando no rio grande do sul. sampa é passado, história.
história das mais bizarras tvz.
como sempre muitas coisas aconteceram. revi minha própria vida, e experimentei a saudade em doses cavalares.
chorei muito a noite, para q ninguém pudesse ouvir. sou orgulhoso.
saudade de meus pais, da minha filha, da minha irmã. dos meus amigos tão preciosos.
das noites malditas na metodista.
mas com o tempo as coisas foram se ajeitando, e uma nova história começou a ser escrita.
o velho buk nos diz para escrever sobre aquilo q vivemos. estou fazendo isso. sempre fiz.
reli coisas, re-senti outras. encontrei aquilo que havia me levado a filosofia, anos atrás.
recuperei parte da minha inocência. por opção.
para citar gaardner, estou saindo novamente da pelagem do coelho.
sim, o mundo é algo fantástico. viver é birutice.
e dia onze, eu me caso.
com a guria que vim buscar aqui. e então a história de mim mesmo falará tbm desta minha parte.
uma parte chamada gisele dorscheid (oliveira).

segunda-feira, agosto 03, 2009

- ...

parei.
sim sim. parei.
dei um tempo com política. não aguento mais a bilís fervendo a toa. deixa isso pra lá.
e deixa pra lá tbm manhãs indispostas.
esqueça as porcarias q te disseram sobre a vida.
esqueça um monte de coisa.
construa outras, q te tragam um sentido melhor.
rasgue livros.
mas guarde um do fante.
e mande a gramática a pqp.
e por fim...
viva.