sábado, janeiro 24, 2009

Wittgenstein e a novela - part I

Esse post vai ser grande. Quem não curte pode parar por aqui.

Pois bem. Wittgenstein em sua obra Tractatus Lógico Philosophico, nos diz algumas coisas sobre o pensamento. Uma delas é afirmar que o pensamento pensa algo. Não somente isso, mas quando dizemos que pensamos algo, é necessário dizer como se pensa esse algo. Wittgenstein então da um outro passo e nos mostra que o que regula o pensamento é a lógica.
Não podemos pensar ilogicamente, assim como não podemos dar coordenadas de locais que não existam. Ao dizer isso, Wittgenstein traça supostamente o limite do pensamento, daquilo que pode ser pensado. Qual limite? A própria lógica. Não podemos pensar nada que não seja lógico. Um contra senso tem lógica. O ilógico de fato, não pode ser pensado.
Quanto as leis da lógica que regulam nosso pensamento, cabe dizer que essas são as leis formalizadas por Aristóteles, que já aparecem em diálogos platonicos como Teeteto ou Górgias. Até mesmo Hípias Menor talvez. Falo do silogismo.
É o silogismo que regula o pensamento. A realidade é pensada de forma que seja possível compreender. O que torna a realidade possível de ser compreendida é a lógica.
Entretanto como já foi dito, pensamos algo. Esse algo, de acordo com Wittgenstein, mantém relação com outro algo. Não podemos pensar um objeto isolado no mundo. Sempre o pensamos dentro de um campo espacial, e dentro de coordenadas que o tempo nos oferece, para ficar em relações mais simples.
Pensamos algo que esteje dentro do tempo e do espaço. Que mantenha relações com o tempo e com o espaço. Faça um teste e tente pensar algo fora destes campos. Não dá. Portanto o pensamento pensa coisas que se relacionam com outras. Objetos absolutos que não precisem de relações são impossíveis de serem pensados.
Uma das coisas que sofrem com esse conceito, é o conceito de "Bom", "Mal", "Bem", "Mau". Se essas coisas são relativas, forma-se um problema, afinal como se pode condenar uma ação se a pessoa que a cometeu a considera algo bom?
Se esses conceitos são relativos, matar ou roubar são ações que não podem ser repreendidas, afinal quem determina o que seria repreensível ou não seria um ideal a ser alcançado. Se o ideal não é, a pessoa que não o fez é condenada com sansões físicas ou psicológicas.
Do outro lado, se esses conceitos são absolutos, não precisam de um referencial. Sendo assim não podem ser pensados.
E ai fode.
No próximo post eu mostro onde quero chegar...

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Shakespeare para gurizada!

Nasce o filho de um rei sábio e amado. Seu filho, uma imatura e irresponsável.
O irmão do rei é então corroído pelo ciúme e pela inveja. O reino agora, pertencerá ao pirralho. Ainda enciumado, o tio do futuro rei planeja o assassínio de seu irmão e de seu sobrinho, juntamente com seus três comparsas.
Durante a execução do plano, o rei perece, e graças a misteriosa força do destino o principe escapa de seu destino e foge, acreditando que a consequência de seus atos culminaram na morte de seu pai. O traídor atinge seu intento, e transforma o reino em ruínas.
No exílio o garoto faz novas amizades, e cresce um jovem em débito com o passado. Então, uma antiga paixão sua aparece e o faz relembrar de suas responsabilidades. Corroborando com a jovem, o antigo conselheiro do rei falecido aparece para lhe dizer que os ensinamentos de um rei ainda vive dentro do príncipe. O espírito de seu pai aparece nos céus e lhe encoraja.
O príncipe retorna, juntamente com seus novos amigos e sua antiga paixão para seu reíno destruído, enfrenta seu tio traidor, descobre a verdade sobre a morte de seu pai e se sagra rei por fim.
Resumo de uma tragi-comédia shakespereana? Não.
Isto é Rei Leão, ou Shakespeare para a garotada.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

O homem e a bota.

Junto com o ano que se inicia aqui no Brasil, vem o verão. Junto com o verão, vem a programação de verão na televisão. Seriados, programas especiais, filmes... a coisa toda. E há anos, tenho mais um motivo para resmungar sozinho quando chega Janeiro. Sim, não é surpresa para ninguém, outro Big Brother se inicia. Outra leva de porcos no cio foi reunida de livre e espôntanea vontade para ser humilhada e ridicularizada.
Que George Orwell está comendo as próprias tripas, eu já disse ano passado ou retrasado. Mas não tenho como não escrever sobre isso. O assunto nunca se esgota na minha mente. Fica girando e gritando. Amarga a garganta como um vômito que para ali. E quando eu me lembro que não tenho possibilidade de explodir aquela maldita casa com cinco quilos de pura dinamite, fico triste. Quando eu me lembro que explodir aquela maldita casa não via diminuir a desgraça diária que consome o mundo a tristeza vira melancolia. Eu simplesmente não tenho saco para eliminar tudo que é podre no reino da Dinamarca. Hoje em dia, desde sempre, "o próprio sonho não passa de uma sobra", como diria o princípe do mesmo reino.
Quanto ao que virá, "se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre." (George Orwell).

sábado, janeiro 10, 2009

Meu candidato fora de temporada!

Não sou de fazer apologia a ninguém. Na verdade me saio melhor atacando sem o menor escúpulos a tudo e a todos. Geralmente o lado que eu demonstro apoio é o derrotado por razões óbvias.
Mas mesmo nesse cenário vagabundo e mequetrefe que é a política brasileira, destaco um fulano que merece meu voto.
O cara é conhecido por sua atuação no Partido Verde (do qual é membro-fundador). Defende a profissionalização da prostiução e a descriminalização da maconha.
Como esquerdista histórico, já mandou tanto o PT quanto o PVas favas. Não tem receio de abandonar suas diretrizes políticas. E como se não bastasse participou não só da luta armada contra o Regime Militar, como juntamente com o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), foi um dos sequestradores do embaixador norte-americano Charles Elbrick às vésperas do 7 de setembro de 1969. A idéia do sequestro era pedir a liberdade de alguns presos políticos, o que deu resultados. A única mancha que consto em seu currículo foi ele não ter metido um balaço na testa do tal do Charles. Ninguém é perfeito...
O cara é Fernando Gabeira. E se esse país soubesse o que é bom, o colocaria no lugar do nove dedos.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Porque eu acredito na educação deste país.

Tenho uma cachorra, a Grampola. Mestiça pastor alemão com dalmata. Ela é toda preta com uma mancha branca no peito. É uma fanfarrona. E faz muita bagunça. Muita mesmo. Por isso tenho de lavar o quintal todos os dias, caso contrário o ar fica intragável.
Então eu lavo o quintal. Todo ele. A Grampola pulando em mim com as patas molhadas e nós dois ficamos cheirando a cachorro molhado.
Ao fim da limpeza do quintal, abro a caixa de correspondência. É um costume meu. Uma carta endereçada a mim da editora Saraiva. "Ilmo Professor Rafael". Começou mal... não sou professor faz tempo. Abro a carta. É a propaganda de um livro escrito para os estudantes do ensino médio sobre filosofia. Legal. Filosofia para o ensino médio é sempre uma questão interessante.
O livro fala dos "grandes temas da filosofia (ciência, moral, politica e estética)" e "uma reflexão sobre as principais contribuições dos grandes filósofos". Conta ainda com um manual para o professor com respostas as atividades propostas e sugestões para avaliações, uma vez que um professor jamais teria capacidade para responder estas questões ou bolar uma avaliação interessante.
O livro foi desenvolvido especialmente para a rede pública e foi escrito por Gilberto Cotrim que "é, como PROFESSOR DE HISTÓRIA, um filósofo das questões educacionais".
Tem como não ser rabugento?

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Porque eu to cagando e andando para Santa Catarina

Acabou mais um ano. Estamos todos mais velhos, mais próximos de morrer, mais distantes do nascimento.
Passou as festas de Natal e ano novo, como muitos fogos de artifício, peru e tudo aquilo que já conhecemos bem. Agora é hora de outra festa.
Aliás o Brasil é um país em festa contínua. Marcamos a vida por festas. Vivemos nos intervalos.
Primeiro o carnaval, que aliás já é manchete em alguns sites e jornais. Logo após a Páscoa, que também virou um carnaval. Nesse meio tempo, se inicia os torneios de futebol regionais. Creio que trinta, quarenta mil pessoas pulando, gritando e sorrindo é festa demais pro meu rabo.
Após a Páscoa, vem as férias de meio de ano, que nos preparam para encarar mais um Natal e ano novo. Parece pouco porque na verdade é. Para sanar isso, temos centenas de micaretas fazendo carnaval fora de época espalhados pelo país.
Ai o mesmo filho da puta que torra milhões organizando o carnaval e a virada de ano na Paulista, vem me pedir dinheiro para ajudar os desabrigados do Rio Grande do Sul e as crianças do Criança Esperança, e eu tenho que ficar quieto. O mesmo bastardo que torra mais outros milhões com um estádio ou pagando salários exorbitantes para que homens se comportem como animais dentro de um campo de futebol faz o mesmo.
Por isso digo e repito: não ajudo. Não ajudo ninguém que eu não conheça, que eu ao menos não conheça a cor dos olhos. Pelo menos não banco o hipócrita que diz a Deus e ao mundo que ama e acolhe a tudo e a todos e torra dinheiro com supérfluo.
Mas ai o brasileiro esquece e ri. Típico...

sábado, janeiro 03, 2009

Dom Casmurro é o caralho. Meu nome é Andolini porra!

Eu vou na contramão. Sempre. Se não fosse assim, não seria assim.
Assisti um ou dois capítulos de Capitu, que passou na Globo. [sim, eu assisto a Globo]
Tudo muito moderno, tudo muito bonito. Uma bela estética. A única coisa que não me sai da cabeça... porque tanta piração pela garota.
Coisa de corno saca? "Oh Capitu... você me traiu? Oh... não sei, não sei..."
Como se o mundo se resumisse a isso. Como se fosse fundamental de fato.
Sei lá. É um bom livro sobre merda alguma.
Proponho a queima de Dom Casmurro. Queima geral. Tudo pro saco.
Vamos todos ler Misto Quente. Vamos ler algo que fede e peida.
Algo real como um bom soco no baço.
Ao invés de um soneto que não sai, ficamos com um escritor que somente briga e bebe.