segunda-feira, abril 30, 2007

O Garoto Estúpido e o Fantasma

Ato VI, Cena VI, Cápitulo VI.

Cenário: Uma rua marcada pela violência urbana.
Em cena um Garoto Idiota.

Garoto Estúpido - "Sempre espero o pior. Sempre.
E não dá pra ser diferente. Todos devem concordar comigo.
Acabei de saber que a polícia federal desmantelou uma quadrilha que vendia vagas em universidade públicas e particulares.
Por seis mil reais ia um sujeito fazer a prova por você. E ele passava. Não sei ainda se o fazia por mérito.
Por um montante que variava de vinte e cinco mil a setenta mil reais você saia de sua faculdadezinha particular (como a metodista) e ia para uma pública (como a usp).
Aqui nós temos duas surpresas. Uma pior do que a outra.
A primeira supresa é a de que alguém se surpreenda com isso. Um ou dois conhecidos meus (ambos uspianos) disseram que tal fato é injusto. Ora isso, nem precisaria ser dito... (aliás, poderia eu ter perguntado o que é essa tal de justiça, mas eu estava de mal humor e não propenso a uma discussão regada a ideais acéfalos).
Que tudo tem seu preço é público e notório. A venda dessas vagas não deveria mais surpreender ninguém. Nenhum tipo de crime nesse país imundo mais me surpreende.
A segunda surpresa, é que a polícia federal tenha feito sua função.
Isso també não deveria, mas me surpreende. Deveria ser comum, deveria ser banal, não deveria nem ganhar destaque na mídia. Mas não é o que ocorre. Afinal o que é correto, ou pelo menos comumente tido como correto, não ocorre com frequência.

Entra em cena um fantasma feio, barbudo, cabeludo, vestindo uma camiseta do Pearl Jam que grita: "CPI dos bingos, CPI dos sanguessugas, Mensalão, Dôssiegate e muitas outras coisas."

Garoto Estúpido - "Uma contradição leva a outra. Como no sistema daquele bêbado do aristóteles.
E todas são execráveis, devido ao país onde ocorrem."

segunda-feira, abril 23, 2007

E não é que a morte do Boris Ieltsin me afetou?

Morreu mais um.
Uns tempos atrás foi o lunático do chile e agora um da antiga união soviética.
Morreu segundo uma fonte médica ouvida pela agência de notícias russa, a Interfax, devido a problemas cardiacos.
Presidente de 91 a 99, foi um dos pilares para a democratização do país dele e tirou os comunas do poder por lá! Olha só... que coisa não?
Em agosto de 1991, ele ficou de pé num tanque, e resistiu a uma tentativa de golpe. Depois supostamente comandou o fim da antiga URSS de maneira pacífica, defendendo a democratização do país e a transição para uma economia de mercado. Fazendo aqui a tradução mental que vocês já fizeram. Ele abaixou as calças para o capitalismo.
Aqui, eu coloco um ressalva. Uma grande ressalva...
Aos onze anos eu sabia explicar sem problema nenhum quais as vantagens e desvantagens do plano real, e os problemas gerados pelo plano collor. Sabia até fazer um paralelo com o ramo da construção civil. E já sabia que não tinha sido a população porra nenhuma, quem havia tirado Collor da presidencia.
Fui, durante um tempo curto punk de rua. Um idiota, eu sei.
Andava pra cima e pra baixo com uma merda de um moicano crista de galo na cabeça, ouvindo músicas escrotas em bares imundos do ABC paulista. Vi gente tendo overdose com heroína, cocaina e outras merdas que eu nem mesmo sei o nome. Eu mesmo, acreditem se quiserem, nunca usei nada que não seja a boa e velha cerveja... Apanhei e bati em muitos carecas e ski-heads (que não são a mesma coisa) no mesmo ABC. Vi o que mais tarde seria chamado de "punk oi" (uma mistura mais idiota ainda de punk com skins vê se pode... cretinice não tem fim mesmo...)
Li Proudhon e Bakunin aos catorze anos, e pensei que sabia alguma coisa dessa porra de mundo. Anarquismo puro! (desnecessário dizer que me refiro ao sistema politico-economico)
Militei em favor do voto nulo e fundei um comitê sobre o tema no mesmo ABC, a convite de uma professora de filosofia política chamada Lelita Benoit. Procurem por ela e talvez vocês encontrem a informação de que a velhaca é uma filósofa de prestígio na frança. Aqui na américa latina, ela é a maior autoridade em Agusto Comte (grande merda. Todo mundo aqui sabe o valor que eu dou para esses títulos...)
Participei de um debate aos dezesseis anos sobre a questão da Universidade Pública no ABC, e fui expulso do lugar porque eu estava segundo disseram exaltado, quando eu mandei um senador que eu nem mesmo lembro o nome ir a merda (literalmente) porque ele falou que não havia verbas para a porra da Universidade. Falei que isso não é problema da população. Votamos neles exatamente, mas não somente, pra isso. Para não nos preocuparmos com essas questões.
Entrei em sala de aula aos dezessete anos pela primeira vez, para lecionar em um curso pré vestibular. O curso é financiado pela Educafro, uma ong voltada para afro-descendentes. E militei sobre isso também.
Ou seja, eu tinha ideais como os ideais contrários ao de Stalin. Abrir-se é o caralho!
Pau no cú deles!!!
Mas... todas estas causas eu abandonei. Sem excessão. Percebi futilidade em umas, ego em outras, e uma corrente ideologica vazia em mais algumas.
Então eu me faço uma pergunta que não vou responder tão cedo. Não responderei tão cedo devido a minha história, minhas ideologias abandonadas.
A pergunta é: ele não ta certo? Será que não da mesmo pra resistir ante o capitalismo?
Espero que entendam que este é o desabafo de uma história de engajamento político que começou aos onze anos, e que perdura até hoje, meus vinte e dois.
Pra mim é dificil, mas a história está me mostrando que eu estava errado, e a cada dia me mostra mais.
E porra! Eu sou um otário e fico chateado pra caralho por conta disso.
Percebo que meus ideais românticos, eram somente sonhos de adolescente. E que eu não vou aderir ao sistema, e por conta disso serei sempre um frustrado...

OBS. Não uso mais letra maiuscula para se referir a países, estados, munícipios e afins, nem a nada que não seja digno de nota. Ainda me resta um pouco desse anarquismo tosco em mim. Eu sei que é coisa de criança mimada e tal, mas...

terça-feira, abril 17, 2007

Zenão, Esopo, Schummacher e o Brasil

O paradoxo de Zenão explica o porque que o coelho idiota é derrotado em uma corrida contra a tartaruga na fábula de Esopo.
Ele deixa que a pobre saia na frente por cortesia e somente então começa a corrida. Mas para que ele a ultrapasse, ele deve primeiro alcança-la. Supondo que a tartaruga esteja dez metros na sua frente, ele deve então percorrer estes metros.
E para percorre-los ele deve obrigatoriamente percorrer primeiro a metade desses dez metros. E para percorrer a metade de dez, deve percorrer a metadade da metade de dez. E por ai vai... Por isso ele perde a corrida. E vice-versa. Mas o verso do vice, ninguém quer...
Bom... explicado.
Mas Zenão não explica o porque Barrichelo era derrotado por Schummacher mesmo este atrás dele.
Nem porque a China e o Japão se transformaram em potências mundiais, mesmo tendo em determinado momento histórico uma economia com crescimento inferior ao Brasil.
Zenão é mesmo um idiota. Tinha que ser filósofo.
Mas pior é o Esopo!
Este me inventa de morrer, logo agora com tantas histórias engraçadas para se transformar em fábula. Imaginem só: "O fazendeiro Lula Pé-de-cana na roça chamada Brasil."
É Esopo... você foi cedo!

segunda-feira, abril 09, 2007

Vai a merda porra!

"Calma Rafael!"
"Rafael, você anda muito estressado!"
"Você é muito radical."
"Seu estúpido."
"Frio."
"Insensível."

Se eu ganhasse dez centavos cada vez que cada uma dessas frases fossem dirigidas a mim, eu certamente estaria nadando em dinheiro, feito o Tio Patinhas. O Morcego Vermelho se lembra dele. Sabe como é.
Agora eu pergunto: Como é que eu vou ter calma???
Saio de casa as dezessete e trinta, para que eu consiga chegar na porra da faculdade as dezenove e trinta.
De repente, não mais que de repente, como diria aquele poeta cretino, tudo para. Os ônibus simplesmente param na estação, e não saem. Aliás, não só tudo para. Agora vem a melhor parte! Niguém explica o porque!
E é claro que não explicam. Porque haveriam de explicar?
Eu moro no Brasil caralho! As vezes eu esqueço a merda de chão que piso.
Então eu chego atrasado. Apareço nessa porcaria de faculdade mercenária exatamente as vinte horas e vinte minutos.
Aliás, como eu não tenho ética alguma eu cito o nome da faculdade que chegou ao cúmulo de alugar um espaço para abertura de um salão de beleza.
Eu não sou bonito. Não pretendo ficar bonito. Não preciso disso portanto.
O nome desse caralho de faculdade é Universidade Metodista de São Paulo.
Sim, como se não bastasse a desgraça diária, a universidade onde eu estudo, é também uma igreja protestante...
As vezes paro pra pensar nisso, e depois penso em porque diabos eu não coloco uma corda no pescoço e pulo do banquinho.
Eu vivo numa sociedade hipócrita que nega a superioridade do outro, transformando virtudes como força, beleza, orgulho, imponência, inteligência, em defeitos como arrogância, estupidez, avareza.
Uma sociedade que não se afirma e se apega em conceitos cretinos e toscos como compaixão, amor, bondade, misericóridia...
Porra!!!
Já parou pra pensar que se você é forte, você não precisa de compaixão, mas sim de respeito mútuo?
Que se você é inteligente, você não precisa de bondade, mas sim de compreensão dos direitos seus e de outrem? Precisa de JUSTIÇA!!!
Que se você percebe que tudo, inclusive o ser humano, é efêmero e transitório, não há porque buscar a permanência dos fenômenos, e por isso aquele papo de poeta com dor de corno sobre "o amor ser eterno" se desmancha no ar?
Inferno!
Eu não aguento mais viver essa vida desgraça e mesquinha, onde as máscaras sorridentes, cobrem os caninos banhados em veneno.
Se afirme. Seja o que é, e assim permaneça até o decreto que você impor sobre o tempo.
Não negue o outro. Reconheça honra onde houver.
Reconheças suas limitações para superá-las.
E assim, quem sabe, quando isso acontecer, eu paro de escrever nessa merda de blog, compro uma bela escopeta e mato todo mundo que desgraça a minha vida e a vida de outras pessoas nesse país.
Afinal, sonhar ainda me parece uma opção...

sexta-feira, abril 06, 2007

Lobão, o sociologo sociologista.

Converso sempre que posso com o Gabriel, dono do Labrinto do Não. Excelente blog o dele, recomendo sempre que posso, assim como todos os que estão figurando ai do lado.
Armas e Rosas, da Lucy. A feminista Simone, a Casa da Jenny... enfim.
E o Gabriel durante a conversa me lembrou de uma frase do Lobão, maior sociologo que essa merda de país já viu:
"O Brasil é uma nação cover."
Puta que pariu! Quem precisa de Fernando Henrique Cardoso, tendo um sociologo como lobão.
Veja bem: temos um crescimento digno das piores nações africanas, criminalidade como nos becos de Nova York dos anos setenta.
Nossos políticos lembram os italianos do século passado.
E quando nos deparamos com os originais, abrimos as pernas como boas putas francesas.