domingo, julho 29, 2007

Papéis

Papéis são importantes.
Todos eles. Cada um tem algo contido. E é algo geralmente insubstituível.
Algo que faz falta. Algo com valor. E por ter valor, outras pessoas não deveria mexer.
Palavras... letras... ou números. No meu caso falo de papéis com números.
Um papel com oito números.
Um papel que não deveria sumir. Um papel que deveria estar ali, porque é importante pra mim.
Agora eu to emputecido da vida. São exatamente 01:06. Amanhã eu acordo as 05:20 e estou com a velha insônia de volta. Um copo bem servido de café, ignorando o Podereso Chefão na tv.
Tudo porque sumiram com um papel.
Tudo porque eu não sou tão auto suficiente como pensei que era.
Tudo porque de repente apareceu alguém que não estava escrito. Alguém com quem eu não contava, quando planejava minha vida.
Preciso da mais café. Preciso ouvir os conselhos de Don Vito Corleone.
E principalmente...
EU PRECISO DO TELEFONE DELA!!!

sábado, julho 28, 2007

Ziguezague liberador

"De acordo com reportagem publicada na edição deste sábado da Folha de são paulo, o fiscal Agnaldo Molina Esteves fez três ziguezagues com o carro na pista e não visualizou nenhuma poça ou lâmina d'água. Seu relato fez a pista do aeroporto ser liberada minutos depois." - do site do jornal a Folha de são paulo.
É necessário falar algo mais?

quarta-feira, julho 25, 2007

Jabor e Mainardi

Jabor. Mainardi
Tai dois caras que eu admiro. Vi o Jabor falando sobre um depoimento da aeronáutica sobre o caso do avião que explodiu. Vi também o podcast do Diogo Mainardi sobre o mesmo assunto.
Jabor fala que não é hora de buscar culpados. O que passou, passou, e o povo não tem de querer derrubar, mas sim construir. Está na hora de dar as mãos e levantar o país, juntando o povo e o governo.
Mainardi fala sobre o silêncio. O silêncio de Lula. Este nada disse sobre o caso, nem sobre suas vaias. Típico. Está deixando o povo esquecer. O povo é burro sempre esquece. Maquiavel está certo. [Nietzsche, Maquiavel, Heráclito, Diógenes o Cão, Sun-Tzu, Napoleão... É. Minhas leituras são no mínimo déspotas.] Mainardi continua dizendo que se o presidente acha que está tudo bem no aeroporto, ele que vá pousar com o aerolula lá [trocadilho sem intenção] com as mesmas condições do fatídico vôo. E no aerolula ele pode colocar o Palocci, Marcos Valério, Mino Carta, Ângela Guadagnim, Renan Calheiros, Marta Suplicy, seu filho Lulinha...
Precisamos de culpados. Para puni-los. Matá-los. Arrancar suas tripas, por serem tão desgraçados com a população.
E nesse pouso do aerolula, eu descolo um lugar para o Jabor.

terça-feira, julho 24, 2007

"Máximas e aforismas Raffalenianos sobre si"

"Todos os dias eu me olho no espelho. Custo a acreditar que o que vejo lá sou eu. Ainda existe algo de cristão nos olhos que eu vejo. Existe a vontade de ser aceito."
"Toda lógica morre em si, e para si. A sua limitação é também sua força. E com a lógica descubro coisas que não gostaria. Maldita a hora em que abri meu primeiro livro."
"Egoísmo. Meu ego é só meu. Se eu não alimentá-lo não quero que ninguém mais o faça."
"Sobre ser sozinho, digo: isso não me aflige tanto quanto no passado. É necessário respirar o ar das altas montanhas, e não quero ninguém ao meu lado roubando esse ar."
"Quanto ao amor, nada posso dizer. Ele é inefável por definição."
"Dialética nefasta, sempre diz de onde veio cada palavra, e para onde vai a próxima. Nesse meio vive o filósofo. É lá que estou."
"A coragem de ser filósofo reside em um fato talvez único. O fato de que cada passo para dentro da filosofia, é um passo mais longe daquilo que te faz humano."
"Bondade e caridade, felicidade e solidariedade. Tais coisas se reservam a outros. Aos filósofos, [e também a mim] a verdade."
"Vivo dizendo coisas sobre mim. Geralmente não sou ouvido. Porque se fosse, eu teria menos amigos. Teria menos pessoas para me ouvir. Mas tudo bem. Agradeço a essa surdez seletiva."

segunda-feira, julho 23, 2007

Tempo ruim

Aqui estou eu. Outro dia sem dormir, outra briga, outra confusão sem porque.
Estive parado, bebendo cerveja, sozinho na porta do meu querido bar. Mas todos sabem que nesse mundo nada é perfeito e agora eu tenho que voltar a me preocupar. No outro dia eu bem que queria passar um dia que fosse como se fosse normal. A vida bem que podia me ser complacente, e me falar gentilmente, mas não. Ela sempre prefere latir:
"- Seu boçal, retardado mental. Seu nome é dito pelos mais imbecis. Você se tornou o mais canalha, e tem o dom de fazer o lugar esvaziar. Não há porque ser cheio de si."
Na verdade fico pensando no quanto é ruim ser como sou. Bebo demais, falo demais, resmungo demais, brigo demais. Sendo como sou o que é que eu recebo?
Não sei dizer quem eu espero, nem em quem acredito, e querendo ter mais que mitos o que é que se recebe? A vontade é de destruir. E não dá pra ser diferente, com tanta gente me olhando esquisito. Não dá pra ser diferente, e o que eu tenho feito, não dá pra chamar de bonito.
Quanto as certezas que tanto pedi, veio-me poucas. Sei que nada será como costuma ser, e que a estrada me deu as costas. Na minha mão a cerveja já esquentou. O vento não sopra a meu favor, e do meu lado a raiva que sempre vai me consumir.

quinta-feira, julho 19, 2007

Pan pra que?

Vamos lá. Vamos parar para pensar.
Fome e miséria no país. Amazônia indo pro buraco.
Crise aérea [nem cito o fato da terrível treagédia, que tenho razões para crer que poderia ter sido de certa forma evitada com uma pista de pouso como as inglesas, com quatro quilômetros, o dobro das nossas]. CPI dos bingos. PCC. Comando vermelho. Favelas. Desemprego. Infraestrutura rodoviária horrível. Pedágios superfaturados. CPI dos correios. Corrupção a flor da pele. Senadores psicopatas. Previdência social aos cacos. Racismo em voga nas universidades com suas cotas. Valérioduto. Dossiêgate. Martaxa rindo da gente. Angela dançando no plenário. Absolvição em massa dos corruptos. Ensino péssimo. Hospitais falidos. Outros presidentes [Evo e Hugo] rindo da nossa cara. E por ai vai. Poderia passar uma vida ou duas escrevendo os problemas desse país imundo.
E com tudo isso, gasta-se absurdos para reformar estádios? Vá se foder!
A única coisa para que o Pan serviu foi para que o povo do Rio pudesse vaiar o cuzão do Lula, que percebeu que não se pode comprar afeto.

quarta-feira, julho 18, 2007

Querer ser.

Nada será como devia ser, nada vai ser fácil.
Já não sei o que espera por mim, e minha arrogância se volta contra seu dono.
Toda expectativa é frustrante. Todo apego, raíz do sofrimento. Em meus dedos porosos o suor.
Em meus dias a droga da minha vida.
Em cada esquina algo não vivido. Nas sarjetas os sonhos que ousei sonhar. [mas a ressalva cai bem. Quem não é assim? Vai saber.]
Nesses dias eu fico mais emputecido. Mas isso é normal.
O anormal é que estou de certa forma mais triste. Isso me incomoda.
Toda a certeza que tenho é que o vento não parece estar ao meu favor. A estrada anda fugindo de meus pés.
A cerveja na minha mão está esquentando, e não há ninguém ao meu lado.
As nuvens estão fechando. Inferno... parece que vai chover.
É inverno, e droga! Me sinto fraco, fruto de meu querer ser mais humano...

terça-feira, julho 17, 2007

Um dia feito quase dez anos atrás.

Um erro muito frequente é confundir metáforas.
Outro erro muito frequente é procurar metáforas onde elas não existem.
Mas de erro em erro a galinha enche o papo.
Lembro de quando eu tinha 16 [como na música] e algumas coisas eram muito diferentes do que são. O que me incomoda hoje é o que não mudou.
E percebo que tudo está diferente, mas lá dentro, onde às vezes eu tenho medo de olhar, aquele quebra cabeça sujo está do mesmo jeito.
Cada peça está em um lugar que não deveria estar.
Algumas coisas devem se tornar ferramentas, mas eu tenho que ser quase lúdico, quando tento falar de mim.
Parte é medo. Parte é preguiça. Parte é porque tem tantos pedaços soltos e estragados que fica difícil lembrar de todos.
E quando eu digo que eu sangro, que luto, que procuro a exaustão e a dor, o erro acima dito se repete.
Não procure pelo lado bom, supondo que ele existe. Às vezes um charuto é só um charuto.

segunda-feira, julho 09, 2007

Não ser.

Não posso me negar o mundo. Não posso me negar a vida.
Na verdade posso, mas não quero. No fim de tudo não passo de um mimado. Narciso talvez... Uma certa moça que lê Clarice e gosta da capa do livro do Deleuze sabe um pouco sobre isso. Pouco, mas sabe, e isso por si só já é algo raro.
Fato é que sexta eu quase joguei a televisão no chão. Vi um trecho de uma novela com minha mãe e como ela está novamente boa, posso voltar a ser o mal humorado de sempre. Aquilo não tem nada a ver com minha vida. Nada a ver com minha realidade. Tudo é superficial.
Nada lá fede. Nada lá sangra. Nada lá soa.
Todos choram. Todos riem. Todos são felizes.
Felizes demais.
Ninguém é sozinho. Ninguém pensa em nada além do que todos pensam. Fulano ama beltrano que ama cicrano. Mas no fim, sempre dá certo.
Isso não é minha vida. Sou comum. E nada sai do que é comum. Não sofro demais, não sou feliz demais. Em compensação não sou de plástico. Não sou artificial.
Eu vivo sangrando. Eu vivo fedendo. Eu vivo suado.
Porque estou vivo. Porque eu sou o não ser.
Porque eu sou a contradição.

quinta-feira, julho 05, 2007

Ela voltou.

Ela voltou.
Brigou comigo, reclamou que eu deixei o quintal mal lavado e que a casa está mal arrumada. Disse que eu pratico kung fu demais, que eu leio demais, que eu escrevo demais e que eu fico tempo demais no computador. [O que me faz pensar... se eu realmente faço tudo isso demais como ela fala, quantas horas tem meu dia?]
Reclamou do meu café, que a louça precisava ser lavada, que o fogão estava imundo, que minha cachorra estava fazendo bagunça demais.
Brigou porque meu quarto estava mal arrumado. Porque tinha muitos livros pelo chão, muita revista perto da televisão, muitas apostilas em cima da cama, muito jornal velho guardado.
Meus cd's espalhados pela estante, minha correspondência ragada, minhas dívidas a serem pagas. Minha coberta jogada no sofá, a luz da sala acesa sem ninguém, a televisão falando sozinha. A roupa espalhada pelos cantos da casa. Eu sem carta de motorista. Deu pra sacar para quem eu puxei?
Ela não morreu. Está se recuperando, mas está curada.
E no meio de tudo isso ela arrumou tempo para se preocupar comigo e me perguntar se eu tinha passado de semestre...

quarta-feira, julho 04, 2007

Obrigado a todos

Acho que minha mãe morreu. Não tinha pulso, não tinha temperatura, não tinha batimento. E voltou. Não sei como, nem importa.
Então ela tem alta.
Eu to mal ainda. Ela tem que verificar o que tem e o problema no pulão permanece. Ninguém sabe o que é.
Foda.
Volta e meia a febre volta baixa. Um espectro que está me matando.
Meu primeiro professor de filosofia do colégio, hoje meu colega de trabalho vem conversar comigo e me lembra de algo.
"As coisas são o que são, e assim serão e permanecerão até o decreto do tempo."
Essa é do Parmênides eu acho. Sou péssimo em filosofia antiga.
Vamos ver o que acontece. Eu estou fazendo tudo que posso. Brigando com quem quiser para levar minha casa nas costas.
E o que tiver que ser, será. Assim é o decreto do tempo.
E meu obrigado a todos que estão me ajudando. Pessoas que nunca vi pessoalmente, mas parece que isso não faz diferença.

segunda-feira, julho 02, 2007

Domingo.

12:20 pm.
36. 37. 38. 39. 40. 41. 41,5.
Não dá mais mãe. A gente vai pro hospital. É muita febre. Não importa se você quer ou não.
Ela vomita. Ela tá tremendo muito. Não falava coisa com coisa. Trânsito. Meu pai nervoso. Pouca grana. Eu com medo. Ela tem sede e não tem fome. Uma médica bacana. O enfermeiro é brincalhão.
Minha mãe começa a chorar. Primeira dose de remédio na veia. A febre cede. Cede pouco. Ela reclama de dor na barriga. Muita dor. Ela chora mais. Começa a tomar soro. Ligo pra casa ninguém atende. Minha irmã some. Meu pai tá tranquilo. A febre para de ceder. Outra dose de remédio. Ela dorme. Ela acorda. Outra dose de remédio. A febre cede. Finalmente.
Mas não vai dar. Vamos ter que levá-la para outro hospital. Meu medo aumenta.
17:50 pm.
Pedem transferência. Minha mãe dorme. Eu com fome. Meu pai preocupado. Eu começo a ler o Estadão. Termino de ler o Estadão.
20:57 pm.
Aprovam a transferência. Minha mãe tá sem febre mas ainda tem dor. Muita dor. Fico preocupado. Com medo.
21:10 pm.
A ambulância chega. Uma enfermeira atenciosa. Um motorista idiota que não fala. No caminho eu estranho a paisagem. Pra onde estamos indo? Fico puto. Muito puto. Olho para ele de um jeito que eu sei, ele vai ter medo. Acerto. E ele tem medo. Parece que muito medo. Pela primeira vez fala comigo. Não me olha nos olhos. Ele gageja. Pede desculpas por ter errado o caminho. Foi sem querer, ele diz. Não respondo.
22:00 pm.
Chegamos no hospital. Minha mãe volta a ter febre. 41,5. Meu medo aumenta. Meu pai já está lá. Chegou antes da ambulância. A papelada já está pronta. Ela vai ser internada mesmo. Não vai sari do hospital tão cedo. A médica avalia. Parece ser pulmão. Fruto de anos de cigarro. Não se sabe o que minha mãe tem. Não se sabe quando vai melhorar.
Mas de uma coisa eu sei. Eu to com medo.
Muito medo. Como nunca senti em toda minha vida.
23:50 pm.
Voltamos pra casa. Ela fica. Então eu choro.