segunda-feira, julho 09, 2007

Não ser.

Não posso me negar o mundo. Não posso me negar a vida.
Na verdade posso, mas não quero. No fim de tudo não passo de um mimado. Narciso talvez... Uma certa moça que lê Clarice e gosta da capa do livro do Deleuze sabe um pouco sobre isso. Pouco, mas sabe, e isso por si só já é algo raro.
Fato é que sexta eu quase joguei a televisão no chão. Vi um trecho de uma novela com minha mãe e como ela está novamente boa, posso voltar a ser o mal humorado de sempre. Aquilo não tem nada a ver com minha vida. Nada a ver com minha realidade. Tudo é superficial.
Nada lá fede. Nada lá sangra. Nada lá soa.
Todos choram. Todos riem. Todos são felizes.
Felizes demais.
Ninguém é sozinho. Ninguém pensa em nada além do que todos pensam. Fulano ama beltrano que ama cicrano. Mas no fim, sempre dá certo.
Isso não é minha vida. Sou comum. E nada sai do que é comum. Não sofro demais, não sou feliz demais. Em compensação não sou de plástico. Não sou artificial.
Eu vivo sangrando. Eu vivo fedendo. Eu vivo suado.
Porque estou vivo. Porque eu sou o não ser.
Porque eu sou a contradição.

9 comentários:

Aline Oracic disse...

Agora eu quero dar as mãos com você e sair andando. Porque você escreve demais o que se passa em mim e não adianta, por mais que eu tente ser feliz tem sempre algo que me impede.
Falta algo, não é?!
eu tenho um enorme saco e eu o preencho com tantas coisas mas ele é tão enorme que ele continua vazio. Acho que é por isso que eu nunca aprendi a ser inteira. Falta algo.
Eu sinto falta do seu mal humor na minha pagina.

Anônimo disse...

falou tudo, ou melhor, mais que tudo.
ninguém tem a vida tão perfeitamente definida. como alguém real poderia passar a vida sem sentor felicidade e tristeza, conformidade e revolta, vários sentimentos todos de uma vez?
todo mundo tem que ter momentos de confusão mental, bagunça, mal-humor (principalmente de manhã) o que for!
sem essa bagunça toda não somos humanos, somos bonecos. seria como passar a vida brincando de barbie.

só pra avisar, estou de volta ao weblogger.

Anônimo disse...

Viver rasga, sangra, dói, sabemos sobre isso, mas a cada dia escolhemos estar vivos. Bom, um dia viva decidi realmente viver e agora entrego-me ao desconhecido (essa vida vivida) ...
Essa semana permito ir além da capa do Deleuze. Ainda com uma página da Clarice aberta.

Anônimo disse...

Por essas razoes q eu nao vejo mais novela

Claro, é meio imposssivel ficar sem ver nada q seja irealista. Mas essas coisas são tão... maçantes.
Nossa, nunca pensei q usaria essa palavra, mas é isso q é : maçante.
Novela e outros programas são uma imitação pobre da vida onde tudo acaba perfeitamente bem pra qm é idiota e os q são inteligentes de tentar subir na vida do jeito q se faz no mundo real acaba se ferrando
Fala serio...

Anônimo disse...

Gostei daqui. Vou te linkar para poder voltar com mais tempo.

Abraço, Maicon

Anônimo disse...

Alguém leva novela a sério.Opa!!!!

Corrupt disse...

vocÊ é um fenômeno......

Anônimo disse...

Vc não é comum!! ¬¬'
quero falar com vc....quero conversar ctg!!
bj

vanda disse...

Eu te admiro por reconhecer que és o não-ser neste mundo tão complicado e tão egoísta, mas desde que te conheci sou a negação de tuas idéias ou o verso da negação sobre a negação, compreende o que estou falando, não é? Meu mundo não é tão bagunçado quanto o seu,pois gosto de certezas, mas será que elas existem mesmo, vc me perguntaria e eu te responderia: sim, eu vivo por elas, pois eu tenho a certeza "que penso logo existo"(Descartes). Realmente, novelas não são um bom programa para pessoas que gostam de viver intensamente o novo, o indecifrável e o abstrato mundo das idéias e das palavras. Gostei do seu desabafo e pensei se todos deixassem o lado conformista da vida e se lançassem ao desconhecido, triunfaríamos sobre as nossas imperfeições e fraquezas. Gostei do seu blog, voltarei logo. Bjs!